Hoje, 14 de abril, o município de Catanduva completa 92 anos. Não teremos o feriado, transferido para a última segunda-feira num sacrilégio cívico típico de quem não respeita a própria história. Pela mesma linha de raciocínio, 07 de setembro pode ser comemorado no dia 05, 06 ou 09. Dizem que os motivos são econômicos e estratégicos. Hoje, aniversário da cidade, a vida será normal. Com isso, vai se perdendo a identidade de uma data, burocratizando-se cada vez mais. Mas como ninguém liga para isso, o único que perde realmente é o comercio de Rio Preto já acostumado a receber a caravana de turistas de Catanduva que a cada feriado vai gastar seus trocados no shopping daquela cidade. Independente da distância ou pedágio. Já foi a Rio Preto numa tarde de sábado? Parece a rua Brasil tamanha a quantidade de rostos conhecidos e famosos. Aqueles mesmos que anunciam amar Catanduva, reservam a carteira para o comércio vizinho. Jogam contra o próprio time.
Isso é apenas um exemplo como a cidade chamada Catanduva ainda não conseguiu se encontrar. Mesmo aos 92 anos, "madurinha", Catanduva ainda busca uma identidade. Terra do café, da laranja, da cana-de-açúcar, vai aos poucos se transformando em terra dos moradores de rua, dos desabrigados. Sua maior obra é a despoluição de um córrego, morto pela região. Não vemos incentivos para novas indústrias, novos empregos, novo futuro. Em alguns aspectos, a cidade sofre um retrocesso. Deixou de ser uma pacata cidade do interior para sofrer com problemas da região metropolitana. Trânsito infernal, aumento na criminalidade, impostos, taxas, multas, transporte coletivo precário. A cidade cresce de maneira desenfreada, desorganizada, e vai ficando manca, debilitada. A saúde no "tá ruim, mas tá bom". A educação - ninho de uma fogueira das vaidades - tem em seus bastidores uma guerra muda, um verdadeiro cabo de guerra. Todo mundo puxando a sardinha para seu lado.
Culturalmente falando, a cidade não consegue relembrar sua história. Pegue um cidadão comum e lhe pergunte sobre os últimos cinco prefeitos catanduvenses. Ou se já ouviu falar na revista Feiticeira, nos antigos jornais, ou onde era realizado o carnaval da cidade na década de 70. Temos uma Estação da Cultura - local onde as pessoas aprendem a mexer o corpo enquanto esvaziam a cabeça. Uma biblioteca que envergonha até mesmo os mais analfabetos. Livros que se emboloram, que se perdem, no meio da confusão formada entre a escuridão e o barulho ensurdecedor de uma rua Maranhão.
Indústria que reconhece que sua maior feira é um fracasso. Comércio que luta com unhas e dentes para não fechar as portas. Poder público voltado para o próprio umbigo, que não cansa de se elogiar. Legislativo que se distanciou da vontade popular, do interesse dos eleitores. Vereadores enraizados que transformaram um cargo eletivo em emprego fixo. Já têm as mesmas manias e costumes daquele empregado velho, que só espera a aposentadoria, e enquanto isso vai atrapalhando quem quer trabalhar.
Talvez seja hora do município se repensar. Buscar novos caminhos, varrer os barões e coronéis, dar um lustro no que é bom - e temos muitas coisas boas - e jogar a mobília antiga fora. Esta já está cheia de cupim, podre. De uma certa forma, o prefeito Afonso Macchione ajudou o município ao aniquilar a política catanduvense. Pois hoje não temos políticos, partidos, presidentes de bairros, sociedade civil organizada, imprensa. Viramos todos índios, dormindo pelados e cobertos com as folhas de bananeira. Talvez deste retrocesso mental e social possa surgir uma nova sociedade. Do caos, surge a luz.
Mas para isso é preciso atitude. O cidadão precisa ter consciência de sua importância e que o esforço coletivo traz benefícios para todos. Talvez, esteja na hora de descermos das árvores. Chega de ser Tarzan que sonha com a Jane mas acorda com a Chita. Catanduva chega, a cada ano a uma encruzilhada: ou tenta ser uma grande cidade ou se contenta em ser vizinha de Rio Preto e metrópole de Caputira.
Cuja única lembrança boa que muitos têm é a porcada do KM 7. (AGJ)
Isso é apenas um exemplo como a cidade chamada Catanduva ainda não conseguiu se encontrar. Mesmo aos 92 anos, "madurinha", Catanduva ainda busca uma identidade. Terra do café, da laranja, da cana-de-açúcar, vai aos poucos se transformando em terra dos moradores de rua, dos desabrigados. Sua maior obra é a despoluição de um córrego, morto pela região. Não vemos incentivos para novas indústrias, novos empregos, novo futuro. Em alguns aspectos, a cidade sofre um retrocesso. Deixou de ser uma pacata cidade do interior para sofrer com problemas da região metropolitana. Trânsito infernal, aumento na criminalidade, impostos, taxas, multas, transporte coletivo precário. A cidade cresce de maneira desenfreada, desorganizada, e vai ficando manca, debilitada. A saúde no "tá ruim, mas tá bom". A educação - ninho de uma fogueira das vaidades - tem em seus bastidores uma guerra muda, um verdadeiro cabo de guerra. Todo mundo puxando a sardinha para seu lado.
Culturalmente falando, a cidade não consegue relembrar sua história. Pegue um cidadão comum e lhe pergunte sobre os últimos cinco prefeitos catanduvenses. Ou se já ouviu falar na revista Feiticeira, nos antigos jornais, ou onde era realizado o carnaval da cidade na década de 70. Temos uma Estação da Cultura - local onde as pessoas aprendem a mexer o corpo enquanto esvaziam a cabeça. Uma biblioteca que envergonha até mesmo os mais analfabetos. Livros que se emboloram, que se perdem, no meio da confusão formada entre a escuridão e o barulho ensurdecedor de uma rua Maranhão.
Indústria que reconhece que sua maior feira é um fracasso. Comércio que luta com unhas e dentes para não fechar as portas. Poder público voltado para o próprio umbigo, que não cansa de se elogiar. Legislativo que se distanciou da vontade popular, do interesse dos eleitores. Vereadores enraizados que transformaram um cargo eletivo em emprego fixo. Já têm as mesmas manias e costumes daquele empregado velho, que só espera a aposentadoria, e enquanto isso vai atrapalhando quem quer trabalhar.
Talvez seja hora do município se repensar. Buscar novos caminhos, varrer os barões e coronéis, dar um lustro no que é bom - e temos muitas coisas boas - e jogar a mobília antiga fora. Esta já está cheia de cupim, podre. De uma certa forma, o prefeito Afonso Macchione ajudou o município ao aniquilar a política catanduvense. Pois hoje não temos políticos, partidos, presidentes de bairros, sociedade civil organizada, imprensa. Viramos todos índios, dormindo pelados e cobertos com as folhas de bananeira. Talvez deste retrocesso mental e social possa surgir uma nova sociedade. Do caos, surge a luz.
Mas para isso é preciso atitude. O cidadão precisa ter consciência de sua importância e que o esforço coletivo traz benefícios para todos. Talvez, esteja na hora de descermos das árvores. Chega de ser Tarzan que sonha com a Jane mas acorda com a Chita. Catanduva chega, a cada ano a uma encruzilhada: ou tenta ser uma grande cidade ou se contenta em ser vizinha de Rio Preto e metrópole de Caputira.
Cuja única lembrança boa que muitos têm é a porcada do KM 7. (AGJ)
FONTE: SITE PASSANDO A LIMPO - http://www.passandoalimpo.com/
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