Teve início na noite desta terça-feira (05) um dos mais raros eventos
astronômicos periódicos conhecidos, o trânsito de Vênus, quando o
planeta passa entre o Sol e a Terra, num movimento que só ocorrerá
novamente daqui a mais de cem anos. O fenômeno ocorre em duplas de oito
anos separadas por mais de um século (ou seja, a última vez foi em 2004
e, a próxima, em 2117). Durante a passagem, o planeta surge como um
pequeno ponto preto se movendo sobre o disco solar.
O trânsito começou às 19h09 (horário de Brasília) de ontem e estava
previsto para durar cerca de seis horas e quarenta minutos. A extensão
do evento pode variar um pouco - até sete minutos - dependendo da
localização do observador. O travessia deste ano está visível em boa
parte de Europa, África, Ásia, Oceania, Pacífico e América do Norte,
onde astrônomos profissionais, amadores e curiosos se reuniram para
testemunhá-lo. No Brasil, no entanto, só os moradores de Acre, Oeste do
Amazonas e Roraima podem observar o evento, pouco antes do anoitecer.
Apenas com a ajuda de um telescópio é possível observar a passagem do
planeta.
Vários estudos científicos estão previstos para serem realizados
durante a passagem de Vênus entre o Sol e a Terra. Astrônomos medem a
densa atmosfera de Vênus e usarão os dados para desenvolver novas
técnicas de medição das atmosferas de outros planetas fora do Sistema
Solar. Os estudos sobre a atmosfera de Vênus podem ajudar também a
entender por que o planeta, de tamanho similar à Terra e a uma distância
parecida do Sol, acabou tão diferente do nosso. Sabe-se que sua
atmosfera é bem mais densa, formada basicamente de CO2, e, por isso, a
temperatura média em sua superfície é de 482 graus Celsius.
No passado, com bem menos recursos e conhecimentos do que os
disponíveis hoje, o trânsito de Vênus foi fundamental para a astronomia,
ajudando, por exemplo, a determinar o tamanho do Sistema Solar e a
distância entre o Sol e os demais planetas. Para se ter uma ideia da
raridade deste alinhamento, o trânsito foi o oitavo ocorrido desde a
invenção do telescópio há quatro séculos, contra 258 eclipses totais do
Sol no mesmo período.
Fonte: O Globo (ciencia@oglobo.com.br) | Agência O Globo
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