A Rússia conseguiu o que parecia impossível neste domingo. Depois de
permanecer dois sets em desvantagem e salvar dois match points, a equipe
europeia venceu a Seleção Brasileira, de virada, por 3 sets a 2,
parciais de 19/25, 20/25, 29/27, 25/22 e 15/9, e conquistou pela quarta
vez a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos - o país herdou os três
títulos (1964, 1968 e 1980) da União Soviética -, obtendo uma das
recuperações mais incríveis da história do evento.
Na decisão olímpica pela terceira vez consecutiva, algo inédito no vôlei
masculino, a Seleção Brasileira dominou praticamente os três sets
iniciais. Depois de abrir 2 a 0 e 20 a 17 na terceira parcial, a equipe
nacional sofreu um enorme apagão, especialmente por conta de uma mudança
tática da equipe adversária. O gigante Dmitriy Muserskiy, de 2,18 m,
deixou o meio de rede para atuar como oposto. Na nova posição, o camisa
13 assumiu a responsabilidade no ataque e modificou totalmente o
panorama da decisão, revertendo de maneira histórica o placar em
Londres.
O volume de jogo apresentado diante da Itália, quando o Brasil realizou
um dos melhores sets das últimas décadas, como classificou Bernardinho,
entrou em quadra também na final olímpica. Diante dos russos, o time
apresentou um grande volume de jogo e anulou o adversário. Com saques
encaixados e contra-ataques eficientes, muitos deles pelo meio-fundo com
Murilo, rapidamente os brasileiros adquiriram a confortável vantagem de
16 a 9.
Tranquilo em quadra e sem permitir qualquer respiro dos russos, o Brasil
manteve o forte saque e a velocidade para conquistar uma sossegada
vitória no primeiro set. Utilizando uma das jogadas mais repetidas
durante o encontro, Bruninho imprimiu velocidade na ponta para Wallace,
um dos destaques da campanha, virar na quadra rival e confirmar a
vitória por 25 a 19. Um set a zero; e um set a menos para o
tricampeonato olímpico.
A grande atuação do Brasil e no saque seguiu incomodando os russos
durante a segunda parcial. Antes da primeira parada técnica, o time de
Bernardinho já abriu quatro pontos de vantagem, diferença confortável
que permaneceu durante a maior parte do set. A Rússia, atônita com o
ritmo agressivo brasileiro, trocou os saques potentes pelos flutuantes e
obteve seu melhor momento na partida, diminuindo o marcador para 16 a
15.
A queda momentânea preocupou Bernardinho. Ao parar o jogo, o treinador
quebrou a reação russa e guiou o time para mais uma tranquila vitória.
Imprimindo velocidade e variando o jogo (consequência da grande atuação
de Bruninho), o Brasil fechou a parcial por 25 a 20 e se aproximou ainda
mais da conquista em Londres.
Dependendo da vitória no terceiro set para sobreviver na disputa pelo
ouro, a Rússia ousou na última parcial. O gigante Dmitriy Muserskiy, de
2,18 m, deixou o meio de rede para atuar de oposto. A alteração ousada
melhorou os russos, que apostaram na força física do camisa 13 para
minar o ritmo superior da Seleção Brasileira na partida.
A presença do alto jogador pelas pontas fez a diferença no terceiro set.
Com todas as bolas apertadas indo na direção de Muserskiy, a Rússia
conseguiu equilibrar o duelo até a parte final, e impedir uma vitória
tranquila brasileira por 3 sets a 0. No final, com uma atuação soberba
do camisa 13, a equipe europeia cravou 29 a 27 e forçou a realização do
quarto set.
A derrota na parcial não foi o único problema encontrado pelo Brasil
para o restante do duelo. Dante, fundamental na abertura da vantagem,
sentiu o joelho e não retornou à quadra. Bernardinho recorreu ao
experiente Giba, um dos símbolos da geração que deve ter se despedido da
Seleção Brasileira justamente neste domingo, em Londres.
Contudo, a confiança adquirida pelos russos complicou totalmente a
situação da Seleção Brasileira no jogo. Atuando solta e forçando o
saque, a equipe europeia abateu o time de Bernardinho, que buscou até
três centrais para responder ao treinador adversário. No entanto,
seguros, os russos fecharam por 25 a 22 e igualaram o marcador, levando o
confronto para um tiebreak, até então, inesperado.
A reação russa modificou totalmente o psicológico das duas equipes. A
Rússia, comandada por Muserskiy, dominou totalmente o confronto. O
bloqueio altíssimo parou os contra-ataques brasileiros. O saque forte
entrou. A vitória, tão próxima do time de Bernardinho, mudou de mãos.
Com a bola na mão, o camisa 13 cravou seu 31ª ponto no jogo e confirmou
uma inimaginável vitória até então. Histórico título russo em Londres.
Fonte: Celso Paiva /Leandro Miranda - Portal Terra Esporte





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