A incidência de cancro cítrico
aumentou 39% em um ano no Estado de São Paulo. Segundo o último levantamento
amostral, realizado pelo Fundo de Defesa da Citricultura - Fundecitrus, a
doença está presente atualmente em 1,39% dos talhões de citros, contra 1%, em
2011.
Inspetores do Fundecitrus vistoriaram 2.090 talhões dos cerca de 87 mil
existentes no parque citrícola paulista.
Desde o encerramento do convênio com a
Secretaria da Agricultura, ocorrida em 2009, e a interrupção das inspeções
realizadas pelo Fundecitrus, o número de focos apresenta um rápido crescimento.
“Embora ainda se encontre em baixa incidência no Estado de São Paulo, o cancro
cítrico teve um crescimento de 893% em relação a 2009, quando apenas 0,14% dos
talhões apresentavam a doença”, diz o pesquisador do Fundecitrus José Belasque
Junior.
A região com maior incidência de
talhões contaminados é a Noroeste, com 11,5%, um aumento de 62,6% aos 7,07%
registrados em 2011. Em seguida, está o Oeste Paulista, onde a doença infectou
2,7% dos talhões. No ano passado, o índice do cancro na região era de 2,2%, o que
representa um aumento de 22,7% ao longo do último ano.
O Centro Paulista apresentou a maior
evolução da doença, com um aumento de 1.183% de talhões doentes. Em 2011, o
cancro cítrico atingia 0,06% e, neste ano, alcançou 0,77% dos talhões da
região.
As regiões Sul e Norte apresentaram
0,17% e 0,11% de talhões contaminados, respectivamente. Os índices são menores
do que os registrados em 2011, de 0,27% e 0,51%, mas de acordo com os
pesquisadores, não é possível afirmar que houve redução da doença nessas
regiões. “O levantamento é baseado em amostras e, em alguns pomares, o produtor
não permitiu que fizéssemos a inspeção”, explica Belasque.
A região Leste não apresentou talhões
com sintomas de cancro cítrico no levantamento de 2012.
O levantamento amostral é
realizado desde 1999 para identificar a incidência e distribuição de cancro
cítrico no parque citrícola paulista. Os dados
são analisados sob a coordenação do Prof. Dr. José Carlos Barbosa, do
Departamento de Ciências Exatas da Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias da Unesp de Jaboticabal. O objetivo é avaliar a eficácia das medidas de controle e traçar
estratégias que evitem a expansão da doença. “Há necessidade de o produtor
inspecionar seus pomares, detectar os focos de cancro cítrico e eliminá-los.
Caso isso não seja feito, a incidência continuará a crescer no Estado”, afirma
Belasque.
Controle
Para garantir a sanidade dos pomares, as ações de prevenção e eliminação de
árvores doentes devem ser adotadas por todos os citricultores. “Embora a
incidência de cancro cítrico tenha aumentado, mais de 98% dos talhões estão
livres da doença, ou seja, a maioria das árvores ainda é sadia e é hora de
fazer a prevenção e a detecção e eliminação dos focos logo no início”, afirma
Belasque.
A principal arma de controle é a inspeção, que deve
ser feita de maneira constante,
intensificando em talhões e propriedades próximas a focos da doença. As
vistorias devem ser mais lentas que as adotadas para detecção de greening, de
300 a 500 plantas por inspetor/dia, pois a identificação de sintomas de cancro
cítrico é mais difícil. Se encontrar a doença, o produtor deve ser rigoroso na
eliminação dos focos. A manutenção de árvores contaminadas faz com que a doença
cresça e se espalhe para talhões e propriedades vizinhos.
Além de arrancar a
planta-foco, todas as árvores de citros num raio de 30 metros devem ser
erradicadas. “A eliminação é essencial para o citricultor controlar a doença na
propriedade e manter a sanidade e a viabilidade econômica dos pomares”, diz
Belasque.
A prevenção deve ser feita
com desinfestação de veículos e material de colheita e controle do trânsito
dentro da propriedade.
Defesa Agropecuária e
Fundecitrus intensificam inspeções nas regiões Norte e Noroeste
Desde novembro, o Fundecitrus está
auxiliando a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento (SAA), nas auditorias de cancro cítrico nas regiões
Norte e Noroeste do Estado de São Paulo. O trabalho é realizado por meio de um
convênio assinado entre o Fundecitrus e a SAA, em junho.
“No período de janeiro a novembro de 2012
foram realizadas inspeções amostrais em mais de 4 mil propriedades e
inspecionadas aproximadamente 1.450.000 plantas no
Estado”, afirma o diretor do Escritório de Defesa Agropecuária (EDA) de
Barretos e gerente do projeto cancro cítrico da CDA, Paulo Fernando de Brito.
A função do Fundecitrus é dar apoio às
equipes de inspeção dos Escritórios de Defesa Agropecuária (EDA’s) de
Catanduva, General Salgado e Jales que fazem a fiscalização para apurar se os
proprietários estão realizando a inspeção de cancro cítrico. Para isso, foram
disponibilizados 20 inspetores, dois técnicos agrícolas e dois engenheiros
agrônomos.
Em novembro, foram visitadas 18
propriedades, em sete municípios: SudMennucci, General Salgado, Auriflama,
Aparecida D’Oeste, Palmeira D’Oeste, Urânia e Itajobi. Os inspetores
vistoriaram 39.227 plantas, em 50 talhões, dos quais 24 tinham plantas com
sintoma de cancro cítrico, totalizando 394 árvores doentes.
Quando uma planta suspeita de estar
contaminada é encontrada pelos inspetores, um técnico da Defesa Agropecuária
coleta uma amostra que é enviada ao laboratório do Instituto Biológico. Se for confirmada, por laudo laboratorial, a
presença da praga, a CDA notifica o proprietário para fazer a erradicação de
acordo com a lei, que determina a eliminação da planta-foco e das demais
existentes em um raio de 30 metros.
A primeira fase de inspeções irá até
31 de dezembro de 2012. O trabalho deve ser estendido para outras regiões em
2013.
“No momento atual é imprescindível a inspeção
sistemática e rigorosa do pomar por parte do citricultor. A somatória de esforços entre Defesa
Agropecuária, Fundecitrus e citricultor é fundamental para o controle do cancro
cítrico”, afirma coordenador da CDA, Otto Heinz Hellwig.
Fonte: Gabriela
Marques - Assessoria
de imprensa / Fundecitrus
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